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A culpa foi toda minha

domingo, 27 de março de 2016 / Nenhum comentário


Eu estava em paz. Cabeça tranquila. Nenhum problema para pensar antes de dormir. Limpa. Era bom, só agora eu vejo o quanto era bom. Para os infernos quem diz “só me arrependo daquilo que não fiz” se eu pudesse voltar no tempo não teria reparado nos seus olhos, como eu fiz, não teria dado tempo para dar aquele estalo que me fez só querer olhar você onde quer que você estivesse.

Se eu pudesse voltar no tempo não tenha dúvidas de que faria tudo diferente. Não ignoraria todos os instintos que me disseram que com você seria diferente. Teria desviado dos beijos. Me livrado do jeito preciso com que você segurava em meu cabelo. Teria me safo de cravar as unhas com força no lençol para tentar aliviar o que você fazia comigo e consequentemente me safaria de pensar que só você era capaz disso. Teria me poupado das brigas e desconfianças. E as reconciliações também seriam apagadas, porque não daria para você o poder de me colocar lá em cima para depois me fazer chocar tão forte com o asfalto a ponto de sentir todos meus ossos estilhaçados no chão da realidade.

Em vez disso eu fiz tudo errado. Eu deixei que você me beijasse e que me arrepiasse dos pés à cabeça com seu gosto de perdição. Te deixei me contaminar com seu cheiro que me levava a loucura enquanto você roçava a barba por fazer em meu rosto. Te deixei me contagiar com toda a loucura que você dizia sentir por mim. Te deixei me levar para onde você quisesse, que eu te seguiria, você sabe que eu seguiria.

A culpa é toda minha. Se eu mal consigo respirar sem lembrar de você a culpa é toda minha. Coloquei na sua mão a chave da minha vida e você só queria se perder e me perder. Foi minha culpa quando tentei te entender um milhão de vezes. Quando tentei justificar suas atitudes erradas. Quando tentava resistir por mim e por você. Quando eu comprei uma briga por você, mas o seu medo sempre foi de mim.  A culpa foi minha desde que eu abri a porta para você naquela sexta feira de agosto. Que desgosto.

Você foi meu dia mais nublado

terça-feira, 12 de janeiro de 2016 / Nenhum comentário

Sempre me sinto angustiada quando chove e o tempo fica cinza. E sem nenhum motivo fico triste. Mas nunca havia me sentido como se fosse um dia cinza de chuva dentro de mim até ouvir de você que fomos o rascunho de uma fantasia que sonhamos. E que nunca chegamos perto de ser aquilo que esperávamos. Eu não te corrigi. Eu deixei o silêncio concordar, só para não te mostrar o quanto eu tava ferida com aquilo. Para não mostrar que eu me sentia feliz com você. E que nenhuma fantasia que eu tivesse imaginado chegava perto do que eu senti por você.

Olho para o
s sorrisos que você dava para mim gravados nas nossas fotos e parecia tão real. Não era um rascunho da felicidade. Nós eramos felizes. Nós juntos eramos uma obra-prima. No meu peito e na minha alma eu sentia que eramos um quadro tão perfeito que deixaríamos Picasso com inveja. Dói deixar tudo isso para trás como se tudo fosse parte das minhas fantasias, mas palavras podem fazer sangrar e derramamos sangue nas nossas pinceladas mais bonitas. Todas manchadas pelo vermelho de quando tentamos toca-las e os quadros das nossas memórias já estavam envolvidos com os arames farpados das palavras trocadas nos nossos dias de chuva.

Meu coração bate angustiado nos últimos dias e eu sei que é por você. Engraçado como o coração tem batidas diferentes, agora ele bate apertado como se fizesse um grande esforço para fazer seu trabalho. Mas nos nossos dias de sol ele parecia tão jovem, tão pulsante e parecia que o espaço dentro do meu peito era tão pequeno para ele, só queria bater no ritmo do seu, quando nos abraçávamos. E
esse tipo de batimento cardíaco também era por você. Tão irônico. Você tem sido o maestro do meu coração nas notas mais altas e nas mais baixas também.
Terminamos sem saber o que foi real um para o outro. Com um monte de lembranças
manchadas que deixaremos em qualquer terreno baldio. Terminei desacreditando de tudo que vivi ao seu lado. Terminei sem querer deixar nada de você para que não tivesse que ficar decifrando o que foi de verdade, o que foi coisa da minha cabeça, o que eu gostaria que fosse verdade. Fomos a minha pior angustia. Fomos o meu dia mais nublado e no fundo agradeço por isso, é bom olhar para trás e ver a neblina e o mormaço cobrirem tudo que eu já achei que fosse um dia de sol. Quem sabe assim, sem poder ver, não fica mais fácil seguir em frente sem olhar para trás.

Sem dúvidas no nosso amor

domingo, 4 de outubro de 2015 / Nenhum comentário

















É engraçado como que por você eu não tenho medo de ser ridícula. É engraçado, e até absurdo a forma que você deu sentido para tudo que eu sempre odiei no amor. É que quando você ama alguém, como eu amo você. Não se tem medo de dizer para os sete ventos. Não se existe vergonha no amor, desde as mãos dadas por ai até os apelidos mais idiotas, tudo faz total sentido quando se ama alguém. Mas, tudo faz ainda mais sentido, quando se ama alguém como eu amo você.

 Desde que o nosso amor se encontrou naquela noite de agosto. Eu tenho andado distraida por ai, tenho ouvido mais buzinas na rua. Por você já fui capaz até de queimar o meu miojo. Por você tenho pago bem mais na conta de agua, mas posso fazer o que? É tão bom cantar no chuveiro a nossa música favorita, ou aquela que me faz pensar em você, ou aquela que tocou na minha mente quando demos o nosso primeiro beijo, o repertório sobre você é grande. E eu me distraio fácil, amor. Me distraio fácil quando penso em você.

Fico pensando em todos os nossos quandos. Eu que sempre fui a garota do agora, não vivo mais de se, e sim de quandos. Quando a gente se casar. Quando nós tivermos nossos filhos. Quando ficarmos velhinhos ao lado do outro. Quando comemorarmos a nossas bodas de ouro. Qual o problema? Pra que tantas dúvidas, se eu nunca tive tanta certeza? Sem interrogação. Eu nunca tive tanta certeza. Quero margaridas no nosso casamento. Quero uma filha chamada Julieta. Quero jogar bingo ou jogos de roleta. Quero te ajudar a lembrar quando você esquecer, quero me enjoar de repetir todas nossas histórias daquele jeito performado, que eu começo e você termina.

E se? E se eu te amasse por toda minha vida e mais um pouquinho? E se? Seria muita loucura? Eu não ligo. Essa é a única hipótese que eu aceito para o nosso amor infinito.

Ela é diferente de todas as outras

domingo, 16 de agosto de 2015 / Nenhum comentário

















O problema é que ela chegou rindo e falando bobagens. Ela foi diferente desde o oi. Ela não diz oi como todas as outras, ela diz oi e em seguida um monte de bobagens. Eu gosto do jeito que ela ri de si mesma, mas confesso que às vezes não consigo prestar atenção em nenhuma palavra. Porque o sorriso dela me rouba. O sorriso dela me rouba até dela mesma. Eu amei essa garota desde a primeira vez que a vi, mas foi pelo sorriso. Você acredita em amor a primeira vista? A resposta seria não. Agora se me perguntassem você acredita em amor ao primeiro sorriso? Ai sim a resposta seria diferente. Totalmente. Eu sou a prova viva de amor ao primeiro sorriso.

Ela tem um magnetismo que a torna tão atrativa. Me arrasta até ela mesmo sem querer. Ela tem aquela pose de durona. Tem aquele olhar gelado. E sorriso irônico. Mas quando ela desmonta é tão doce. Quando estou com ela só consigo olhar para os lábios dela. Olho pra ela enquanto ela come morango com chantilly e me diz despretensiosamente "Quer provar o gosto do morango nos meus lábios?" e é claro que eu quero. É tudo que eu mais quero. Nenhuma combinação é mais gostosa que os lábios dela com o gosto do morango. Ela sabe como me enlouquecer e mal percebe isso. Faz sem querer. Me gama sem nem ver. Que menina má. Nem tão má assim, porque eu gosto. Eu gosto desse jogo de enlouquecer. Um quarto todo branco pra me tratar da loucura nela seria totalmente agradável se ela estivesse comigo. Eu não ligo de ser louco, se isso significa ser louco por ela.

Gosto da forma que a gente faz amor. Gosto de ser íntimo dela de todas as maneiras. Gosto do jeito que ela se sente á vontade comigo e da forma que ela desfila pelo meu quarto nua. É que ela sabe o quão linda ela é, e não tem nenhum problema em espalhar sua beleza em meus olhos. Ela me morde. Me arranha. Me marca. E me diz bem baixinho como se fosse um segredo de estado "É pra mostrar pra todo mundo que você é meu", mal sabe ela que não é necessário marca nenhuma para que saibam que eu sou dela. Ta escrito em minha testa. Ta escrito no meu olhar. Ta escrito até nas coisas que nem escrevi ainda, porque sei que se eu fosse escrever seria sobre ela. Ah! Seria sim. Apenas ela.

Você precisa mais do que apenas dizer que ama

sexta-feira, 7 de agosto de 2015 / Nenhum comentário

















Você tanto falou que me amava que eu acreditei. Eu acreditei em cada palavra. Porque, puta merda, você é um bom mentiroso. Peguei minhas coisas e enfiei dentro da mala. Joguei um monte de coisas fora para caber dentro da sua vida. E fui, sem hesitar, sem medos, e sem armaduras. Fui de corpo e alma para você. Fui sem ter pra onde voltar depois. Porque meu plano era bem simples: nunca precisar voltar ou ir para qualquer lugar que não fosse com você. E naquele momento, eu sabia, só precisava de você para ser feliz.

Nada seria capaz de me ensurdecer mais do que o barulho da porta que você bateu na minha cara. Eu queria que você abrisse pra me olhar nos olhos, mas nem isso você quis. Apenas disse que não podia. Porque eu sei que se você me olhasse, você abriria a maldita porta. Eu ouvi em alto em bom som o que te impedia de abrir, era medo. Você nunca entendeu meu jeito impulsivo, sempre fingiu entender, mas no fundo você sempre teve medo dele. Eu tinha planos tão bonitos para nós dois. Nós dois em um carro em alta velocidade, sentindo a brisa gostosa, ouvindo nossa música favorita. Beijos apaixonados em baixo de uma figueira. Noites inteiras em claro matando a saudade e a necessidade que sempre sentíamos um do outro. E o medo de não dar certo abortou todos esses planos. Eu entendo, você que deu a ideia de nós dois. E eu por muito tempo achei que não fosse a melhor ideia, mas eu tinha certeza. Se você me enxergasse apenas um pouquinho, ia ver que eu tinha certeza de nós dois.

Sentei na porta de sua vida e fiquei repassando nossos momentos. Eu podia até sentir o gosto do seu beijo apaixonado, sua mão levemente me encostando mais a você. Nossas peles queimando juntas no nosso elétrico contato. Lembrei da forma que seus olhos de menino perdido ganhavam paz dentro do meu abraço. Eu gostava da felicidade que nós exalávamos juntos, era sempre assim, era só estarmos juntos que o mundo todo sumia e de repente era só nós dois. Nossas gargalhadas sincronizadas. Os olhares cúmplices. Então chorei. Chorei toda a saudade que já habitava em mim. É que com nós sempre foi assim, saudade mesmo sem estar longe. Talvez fosse porque, de fato, nunca conseguimos nos aproximar. A nossa sina eterna de Romeu e Julieta.

Juntei todas as forças que eu tinha e me levantei. Suspirei fundo, e pensei em um ditado “não adianta dar murro em ponta de faca” só pra te contradizer naquela vez que você sussurrou baixinho em meu ouvido em mais um de seus muitos rompantes de amor “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. E não é por birra que te contradigo, só acredito que meu ditado, no nosso caso, fez mais sentido. Você não mentia só para mim quando dizia que me amava. Você achava que aquilo era amor, e acreditava piamente em cada palavra sua, acho que isso que te tornava tão bom. Mas em meus míseros vinte e tantos sei que amor se prova com atitudes. Dizer que ama é muito fácil, é como dar um cheque sem fundos se você não pode provar. Se você me amasse mesmo. Você abriria aquela porta metafórica do amor para mim. Você fechou. Acabou. E eu fui. Joguei minhas coisas na primeira esquina e peguei carona com o desconhecido. Sempre fui fascinada por recomeços.

Só não diga que não valeu a pena

terça-feira, 4 de agosto de 2015 / Nenhum comentário





Doeu colocar todas suas coisas numa caixa. Doeu mais ainda fazer isso pelas suas costas. Doeu ver em seu rosto a surpresa ao ver suas coisas todas embaladas. É que você já sabia, a gente estava indo. E para onde quer que fosse íamos separados. Por isso em seu rosto a surpresa, e também, se eu não tiver imaginando, dava pra ver a dor. Não quis olhar nos seus olhos, eu sabia que se eu olhasse para eles não teria coragem de ir para qualquer lugar que não fosse com você. E eu poderia ficar, eu sei que poderia. Mas isso não mataria minha vontade de ir.

Eu sei que você vai afirmar que sou uma louca egoísta para os quatro ventos. Eu não vou dizer nenhuma palavra sobre isso. Vou deixar você me odiar. Porque eu nunca vou poder te odiar. Eu sempre vou verdadeiramente, profundamente e absolutamente amar você. Do meu jeito, mas irei. Eu vou te amar onde e com quem eu estiver. Por isso fui enquanto havia amor. Eu interrompi um trem em plena velocidade, pois sabia que ele corria para um precipício. Eu sei que de dentro do vagão que você estava dava a impressão de que interrompi uma grande viagem de chegar ao seu destino, mas eu conseguia ver o final. Apertei o freio antes de ser tarde demais.

São tantas metáforas para dizer que me apaixonei por outra pessoa. É que todos sabem que todo e qualquer sentimento envolvido é totalmente desvalorizado quando dizem "me apaixonei por outra pessoa". Eu sei o que você diria "Você é como uma vampira, suga todo o sangue e quando não tem mais nada você vai embora. E vai louca atrás daquele transe que um corpo intacto te trás" seria sua metáfora para dizer que eu sou vazia. Que não sei amar. Eu consigo ler entre as suas frases cortadas. Eu sei que te dói. Mas acredite, me dói absurdamente também. E talvez eu seja mesmo uma vampira. Mas em vez de sangue alheio eu precise me sentir viva. Coração acelerado. Arrepios arrebatadores. Respiração ofegante. E... Eu não sinto mais isso com você.

Eu, que já chorei um rio inteiro. Me afoguei nas minhas próprias lágrimas uma pancada de vezes. Não queria que achasse que não valeu a pena. Pelo menos isso, me odeie, me xingue, mas, por favor, nunca diga que não valeu a pena. Uma vez li que amor nunca acaba, que amor nasce e morre. Talvez seja verdade. Mas eu acredito piamente que sou diferente nesse quesito, pois guardo nosso amor, nosso insano e jovem amor, no meu coração e nas minhas memórias. E não acredito que ele morreu. O primeiro amor é inesquecível. Mas as vezes ele não se faz eterno.

Eu sinto muito, amor - eu sei que não tenho mais direito de te chamar assim, mas é força do hábito. Eu sinto muito mesmo. Mas é que com você eu senti uma das melhores sensações do mundo que é estar apaixonada. E acho que eu me viciei nisso. Meu coração não bate mais por você como deveria, e é horrível que ele bata descompassadamente por outro alguém. Eu vou subir em outro trem, você sabe que eu vou. Sempre fui o impulso em pessoa. Mas ainda assim, se disserem seu nome em qualquer lugar do mundo, em qualquer estação, em qualquer esquina, eu ainda vou fechar os olhos por alguns segundos e ter um flash do meu inesquecível primeiro amor. Porque viver é sentir. E com toda certeza o que sentimos um pelo outro valeu a pena. Só te peço isso, acredite que valeu a pena.  

O mistério dos olhos dela

segunda-feira, 20 de julho de 2015 / Nenhum comentário

Sempre quis saber o mistério que se escondia sob o olhar de Maria. Maria criatura esquisita. Tinha mania de morte. Única garota que conheci que tratava a morte com uma leveza espantadora. Vivia como se não houvesse amanhã. Não, não era uma dessas loucas desvairadas em baladas, nem se drogava ou sequer fumava. Era apenas contra a qualquer tipo de relacionamento, dizia não se sentir preparada. Mas, no fundo, era porque ela não se via em um futuro. Vivia alternando por ai. Não se conectava de fato com alguém. Claro que eu fui uma exceção. Não, Maria não se conectou a mim. Mas eu me encantei por Maria. Ah! Me encantei todos os dias por Maria.

Maria não fazia questão de ser mistério de ninguém. E não pareceu se importar quando insisti em ficar ao seu lado. Se você insiste - foi o que ela me disse quando a chamei para sair pela terceira vez. Mesmo que ela não fizesse nenhum esforço para ser agradável vivia cheia de ironias e sarcasmo. Mas quando ela sorria... O som da risada dela tinha um efeito louco em mim. Não acho nesse mundo nada que se compare ao som da risada dela. Mas poderia descrever como maligna. Talvez parecesse com o gargalhar de uma vilã. Maria sempre teve fascínio por vilãs. Sua mãe me disse que, quando pequena, era fã devota da Cruela Devil. Cruela? Que criança gosta da Cruela? Só ela.

Não era um personagem. Era apenas como ela era. Eu posso dizer que fui intimo o bastante dela para que pudesse observá-la sem aquele delineado grosso que sempre usava. Ela sorriu e me perguntou porque eu estava a olhando daquele jeito. Eu a disse que ela ficava diferente sem maquiagem. Era mentira. Ela continuava a mesma, só disfarcei minha curiosidade sobre aqueles olhos, pois seu olhar ainda era o mesmo. Triste. Ria das coisas mais idiotas. Perdia o fôlego rindo das coisas mais banais da vida. Não esqueço o dia que ela viu um casal ser ensopado por um caminhão que passou por cima de uma poça. Ela repetia incontáveis vezes: você viu a cara dela? E ria. E eu ria também. O som das nossas risadas juntos fazia um som bonito. Mas mesmo quando sorria, seu olhar ainda era triste.

Seus cabelos eram tão escuros quanto sua alma parecia ser. E eu com certeza não era como um daqueles insetos que são atraídos pela luz. Nada em Maria era contagiante. Não era dramática, para os outros parecia normal. Era linda, dançava como uma stripper, e as vezes sorria como um anjo. Chamava a atenção de qualquer um. Mas sua alma gritava por socorro todos os dias. Só que em silêncio. E ninguém percebia. Tentei a ajudar com uma lanterna, mas acabei me perdendo naquela escuridão.

Morreu aos dezoito anos de idade. Dizem que foi um acidente, bateu a cabeça em uma pedra numa cachoeira. Mas eu não acredito nisso. Só quem conhecia Maria sabia que ela sabia. Ela já sabia que morreria. De algum jeito estranho ela sempre me pareceu meio morta. E, quando se foi, levou um pouco de mim. Não chorei quando soube. Só me permiti chorar quando tive que passar maquiagem em seus olhos no seu corpo imóvel. É que algo me dizia que ela precisava daquele traço escuro. E se ela havia me dado o privilégio de ser o único a vê-la sem aquilo. Eu seria o único até o fim. Talvez, não fosse ela que precisasse, eu desconfio até que ela me mataria por aquele delineado torto. Admito. Talvez eu precisasse daquilo. E esse era o mistério de seus olhos. Um dia eu os veria fechados para sempre.
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